Os recentes casos de infecção pela gripe aviária H5N1 na população do Camboja alertam os cientistas e órgãos públicos de saúde. O país registrou recentemente a morte de uma menina de 11 anos em decorrência da doença.
O Instituto Butantan estuda cepas (agrupamentos virais) com potencial pandêmico desde 2011 e já está empenhado no desenvolvimento de vacinas contra o H5N1. Os envolvidos na pesquisa estimam finalizar os testes pré-clínicos ainda em 2023 e iniciar o estudo clínico em 2024.
O processo de fabricação das vacinas contra a gripe aviária deverá ser o mesmo utilizado em imunizantes sazonais contra a influenza, desenvolvidos pelo próprio Butantan.
“Nós já temos a cepa vacinal e estamos na fase inicial de produção dos bancos virais, que futuramente serão utilizados para inoculação em ovos e produção dos monovalentes’, afirmou Paulo Lee Ho, gerente de produtos do Instituto Butantan.
Mais informações sobre a gripe aviária H5N1
- Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o vírus H5N1 pode causar doença grave e tem alta taxa de mortalidade. Nos últimos 20 anos, foram registrados 873 casos e 458 óbitos em 21 países.
- O vírus infecta aves migratórias.
- Embora seja comum em aves, o vírus também pode ser transmitido para mamíferos e humanos, mas em menor escala.
- Nos últimos anos, um dos maiores alertas é o aumento dos registros de infecção em mamíferos.
O médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, ex-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), explica que, por ser um vírus de RNA simples, o influenza tem maior chance de sofrer mutações, alcançando outras espécies e ambientes.
Em humanos, o H5N1 causa uma doença relativamente grave, porque nós não temos imunidade contra esse vírus, já que não convivemos com ele […] Já temos registros de granjas contaminadas em países vizinhos, como Uruguai e Argentina, e a chance de o vírus chegar às aves do Brasil é muito grande.
Gonzalo Vecina Neto, ex-presidente da ANVISA.