Inteligência artificial brasileira ajuda na reprodução de peixes

Curiosidades

Uma equipe de pesquisadores brasileiros na Universidade Estadual Paulista (Unesp) desenvolveu um software de inteligência artificial (IA) que faz medições em tempo real de peixes da espécie Piaractus mesopotamicus, mais conhecido como pacu. A inovação permitirá aos criadores de peixes conseguir selecionar características ideais de indivíduos que podem gerar proles de maior rendimento e ganho mais rápido de peso do filé.

A pesquisa foi publicada na revista Aquaculture e os resultados são promissores. A monitoração do crescimento dos pacus até então era feita por uma fita métrica e balança. O método parece ser fácil para um indivíduo, mas exige muito trabalho para ser realizado quando pensamos em exercer essa tarefa em grandes criadouros.

“Quando você mede o peixe manualmente, você obtém menos dados, porque você o estressa e pode transmitir doenças que levam a surtos, sem contar o valioso tempo gasto. Automatizamos o processo, treinando a máquina com fotos de pacus e etiquetando cabeça, corpo , cintura pélvica e nadadeiras. Agora temos um aparelho portátil que pode ser levado a campo para fazer isso rapidamente e classificar os melhores animais”  aponta Diogo Hashimoto, um dos autores do estudo e professor do Centro de Aquicultura da Unesp de Jaboticabal, em resposta a Phys.

Melhoramento da espécie

Os pesquisadores da Unesp decidiram inicialmente selecionar indivíduos com maior probabilidade de gerar descendentes com corpo redondo. Os pacus de corpo redondo geralmente são mais atrativos no mercado do que os pacus de corpo ovais, isso porque eles tendem a ter maior rendimento em lombo e costela, cortes mais consumidos. Para isso é necessário selecionar peixes que possuem uma altura e largura parecidas.

Apesar de já existirem tecnologias de seleção de características fenotípicas de outras espécies como a tilápia e o salmão, a IA desenvolvida pela Unesp se destaca. “Nosso programa consegue reconhecer e medir as diferentes partes do pacu mesmo na lateral do tanque, com poluição visual do fundo e condições de luz variáveis. Os sistemas desenvolvidos para a tilápia usam luz controlada e fundo padronizado” aponta Hashimoto.

A forma com que é feita atualmente a medida do filé de pacu, exige que o peixe já esteja morto. Dessa forma as características genéticas que contribuem para um maior rendimento e aproveitamento da carne acabam não sendo repassadas. O novo software de IA vai permitir que os animais com características genéticas favoráveis continuem vivos e sejam úteis como reprodutores.