NASA e ESA formalizam acordo para resgate de amostras marcianas

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Desde fevereiro de 2021, o rover Perseverance já coletou 14 amostras do solo de Marte. Essas e outras rochas que o equipamento conseguir apanhar devem chegar à Terra em 2033, em um esforço conjunto da NASA com a Agência Espacial Europeia (ESA), por meio da missão Mars Sample Return (MSR).

Missão de marte para a Terra
Representação artística da missão Mars Sample Return, planejada para trazer amostras de Marte para a Terra em 2033. imagem: NASA/ESA

Na última semana, as agências formalizaram um acordo sobre a utilização de um depósito de tubos dessas amostras, ou cache, posicionado em Three Forks, uma área localizada perto da base de um antigo delta do rio na Cratera Jezero, região de exploração do Perseverance.

Segundo um comunicado da NASA, as rochas cuidadosamente selecionadas na superfície de Marte, que podem ajudar a contar a história da evolução do planeta e até conter sinais de vida antiga, são perfuradas e coletadas em dose dupla, e as amostras de backup serão devidamente acomodadas nesse cache.

Localização do primeiro depósito de amostras – onde o rover Perseverance depositará um grupo de tubos de amostra para serem trazidos à Terra – em uma área da Cratera Jezero chamada Three Forks. Créditos: NASA/JPL-Caltech

Os cientistas acreditam que os materiais sedimentares de grãos finos do delta – depositados em um lago que existia há bilhões de anos – são as mais propensas a informar se havia vida microbiana quando o clima de Marte era muito diferente do que é hoje.

“Nunca antes uma coleção cientificamente curada de amostras de outro planeta foi coletada e colocada para retornar à Terra”, disse Thomas Zurbuchen, administrador associado para a ciência na sede da NASA em Washington. “A NASA e a ESA revisaram o local proposto e as amostras de Marte que serão implantadas nesse cache já no próximo mês. Quando o primeiro tubo estiver posicionado na superfície, será um momento histórico na exploração espacial”.

Uma das amostras de Marte coletadas pelo rover Perseverance, da NASA, que serão trazidas à Terra em uma missão minuciosamente elaborada pela agência em parceria com a ESA. Imagem: NASA/JPL-Caltech/ASU

O cache de amostras faz parte de um plano robusto para garantir o sucesso da missão. “Escolher o primeiro depósito em Marte torna essa campanha de exploração muito real e tangível. Agora, temos um lugar para revisitar com amostras esperando por nós lá”, disse David Parker, diretor de Exploração Humana e Robótica da ESA.

Além dos pedaços de rochas, o rover Perseverance também coletou uma amostra atmosférica e reservou três tubos “testemunhas”. Eles contêm certos componentes que ajudam a identificar possíveis contaminações terrestres que podem ter vindo do rover durante as operações de amostragem.

“Embora um marco significativo da missão tenha ocorrido uma vez que esses tubos sejam descartados, isso não significa que explorações do rover ou a coleta de amostras tenham se concluído”, disse o cientista do projeto Perseverance Ken Farley, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech). “Em seguida, vamos até o topo do delta para uma área que a partir de imagens de satélite parece geologicamente rica, realizando investigações científicas e coletando mais núcleos de rocha. Mars Sample Return terá um monte de coisas boas para trazer”.

Em outro marco importante, a campanha entrou na Fase Preliminar de Conclusão de Projeto e Tecnologia, conhecida como Fase B, em 1º de outubro. Durante esse estágio, o foco é a conclusão do desenvolvimento de tecnologia, prototipagem de engenharia, avaliações de software e hardware patrimonial e outras atividades de mitigação de riscos.

Esta parceria estratégica NASA-ESA pode se tornar a primeira missão a trazer amostras de outro planeta e o primeiro lançamento feito a partir de outra superfície planetária além da Terra.

Ao entender melhor a história de Marte, os cientistas acreditam ser possível melhorar nossa compreensão de todos os planetas rochosos do Sistema Solar, incluindo o nosso próprio mundo.